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  • Repouso sabático

    Repouso sabático

    Por que tem sido tão difícil servir a Deus em nossos dias? Por onde ando, encontro pastores, missionários, profissionais cristãos de várias áreas, jovens e adolescentes, todos cansados, desmotivados e desencorajados. Líderes reclamam da falta de compromisso, cada vez fica mais difícil encontrar voluntários para uma tarefa e muitos não encontram sequer motivação para ir à igreja. Aqueles que foram chamados para serem “sal da terra e luz do mundo”, para proclamar o evangelho das boas novas a todos os necessitados, angustiados e aflitos, em vez de serem parte da solução para o mundo tornam-se parte do problema.

    Atribuímos às mudanças culturais, aos efeitos da modernidade, ao consumismo, narcisismo e tantos outros “ismos” do nosso tempo o cansaço e a apatia. Porém, nem sempre a causa é cultural. É possível que a origem do desânimo e da falta de motivação esteja mais dentro do que fora de nós.

    Os discípulos de Jesus, depois de uma intensa atividade missionária, retornam exaustos e o Mestre lhes propõe o seguinte: “Vinde repousar um pouco, à parte, num lugar deserto”. Ele diz isso porque eles “não tinham tempo nem para comer, visto serem muitos os que iam e vinham” (Mc 6.31). O cansaço é uma realidade inerente a todos os que querem servir a Deus. Não temos como evitar isso. As demandas são muitas e, com frequência, não temos tempo para cuidar de nós mesmos, muito menos para descansar.

    O convite para repousar num lugar deserto pode ser a resposta para o desânimo de muitos cristãos. A autora Marva Dawn diz que o propósito de separar um tempo para o descanso envolve quatro atividades necessárias para a recuperação e preservação da fé como expressão viva da confiança e do relacionamento com Deus: cessar, descansar, abraçar e celebrar.

    Para entrar no repouso proposto por Jesus precisamos primeiro deixar todas as atividades de lado por algum tempo, seja por um dia ou pelo menos por algumas horas. Redes sociais, internet, agenda e celulares precisam ser desligados. Sair para um lugar deserto implica, literalmente, parar tudo, cessar todos os afazeres.

    O descanso inicia quando interrompemos nossas atividades. Esse descanso proposto por Jesus não significa passar o dia dormindo ou passeando num shopping. É o repouso do Salmo 23 -- “Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso. Refrigera-me a alma” (v. 2-3). É somente quando entramos nesse recesso da alma que entendemos o significado do “nada me faltará”.

    É aqui que podemos abraçar aquilo que somos em Deus. Somos seu povo, ele é o nosso Deus. Somos ovelhas do seu aprisco, ele é o nosso Pastor. Somos seus discípulos, ele é o nosso Mestre. Somos o seu corpo, ele é o Cabeça. No descanso reafirmamos nossa identidade nele. Reconhecemos que ele nos conduz. Todo o fardo que pesa sobre nós é retirado e somos envolvidos pela bondade e misericórdia de Deus.

    Por fim, Marva Dawn nos fala da celebração. Tomamos demasiadamente a sério a vida, o ministério e o serviço. A imagem do triunfo final de Cristo é de um grande banquete de casamento. Uma dificuldade que todos os que procuram servir a Deus enfrentam é não saber celebrar, contemplar a grandeza, a majestade e o governo de Jesus Cristo.

    O repouso sabático é um mandamento da graça de Deus. É o lugar onde aprendemos que é Deus, e não nós, quem governa e reina. É o lugar onde somos nutridos e restaurados por ele, onde a aliança é reafirmada e aprendemos a celebrar o cuidado e a bondade de Deus. Disse Jesus: “Vinde repousar um pouco, à parte, num lugar deserto”. É apenas disso que precisamos.

    Ricardo Barbosa de Sousa é Pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto e coordenador do Centro Cristão de Estudos, em Brasília. É autor de Janelas para a Vida, O Caminho do Coração, A Espiritualidade, o Evangelho e a Igreja e Pensamentos Transformados, Emoções Redimidas. É também articulista da Revista Ultimato.

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    FonteUltimato Online

    O conteúdo dos artigos é de responsabilidade de seus respectivos autores e veículo de comunicação, não refletindo necessariamente a opinião da ICESO.



    Data : 2017-03-20
    Autor:


  •    Cristiane marcia Amaral
        disse em 07/04/2017 as 23:02:31


        Muito bom.